24.2.09

palatável melodia

Teu nome é a fruta na boca
é a textura
é o sabor
é doce
melodia
e amargura na dureza.
Não adianta dizer que és amargura
semanal, mensal, anual, eternal
quando tudo conspira a favor do prevalescente
gosteu, pêssego.
ah!

15.2.09

(:

. crisol . diz:
ontem lembrei de quando vc era plutão
lupino leporino diz:
puxa
lupino leporino diz:
faz tempo
lupino leporino diz:
como eu era quando fui plutão?
. crisol . diz:
faz tempoo mesmo
. crisol . diz:
vc era distante
lupino leporino diz:
geralmente eu sou distante, nao?
. crisol . diz:
não
vc agora está mais para marte ou vênus
. crisol . diz:
sem querer (ou por força gravitacional), sua órbita mudou
lupino leporino diz:
é sua atmosfera.

5.2.09

já estou farta de semideuses

Primeiramente, quero pedir perdão pela minha imperfeição. Mas olhem só! as palavras parecem querer dar um tom de brincadeira a esse texto ao permitir essa rima pobre! Ah queridas palavras, creio que tal feito será vão. Hoje quem rege as minhas mãos é a Razão e ela não quer tolisses aqui (ou fraquezas, como queira chamar). Tudo isso é amargo demais pra vocês! Desistam. Há quem diga que errar é humano. Hoje então me sinto a mais humana criatura diante desse dito. Errei ao amar, errei ao acreditar, errei ao insistir, errei ao depositar esperanças, errei ao confiar, errei ao querer ser amiga do mundo, ele às vezes não é recíproco. Eu simpesmente errei. Mas a sua perfeição diante da minha pífia existência fez-me acreditar que o meu erro era o maior de todos, a ponto de achar que te ter por perto não fosse digno de mim.
Ora, ora senhor da Razão (não da minha!), quem és tu? Não te vejo mais. Meus olhos cegam agora quando passas. Teu brilho os ofusca. Pena que eles não padeçam por isso como outrora, a pupila já está permanentemente dilatada e inerte a sua presença. Deixei que se sentisse todo certo de si, não queria magoá-lo, afinal tal coisa poderia ser devastadora e eu não queria ser responsável por mais isso. Me custou caro, como tem me custado. Mas faço isso a meu favor e só. Não me agrada mais pensar em ti e nem no que pensas de mim. Me levou a exaustão e agora quero me poupar. Não se importa comigo, por que devo eu me gastar? Creio que os tempos são outros e as tintas externas estão saindo; as internas passam por reformas. Quem passa por mim sempre deixa um pouco de si e me transforma de alguma forma. É isso que você foi. Mas eu também deixei um pouco de mim em ti. Inevitável e transformador também. Sua total indiferença me fez bem, acredite nisso. Eu sou mais do que você imagina. Você é ordinário, como um outro qulquer. Que fim.

(agradecimentos póstumos a Èxupere, Álvaro e Machado)